sábado, 30 de outubro de 2010

Deixei por muito tempo que tudo o que sentia ficasse preso a uma corrente dentro de mim. Deixei que as coisas passassem, fluíssem e eu mantive-se de olhos fechados com medo do mar. Deixei que à minha volta sucedessem mil coisas e eu ficava sem eira nem beira. 
Será que olhei para trás e vi? Terei estado tanto tempo à deriva sem água, nem terra à vista? Ás vezes não percebo determinadas coisas, não entendo como, nem tão pouco porquê? 
Houve um sonho que mudou. Algo se modificou. Algo me deixou a picada. 




http://ffffound.com/image/e51aaa0a7800394cbd43442fb27fad7c9e025e65


Já não pintava há tanto tempo, tanto que quase podia dizer que me tinha esquecido. Não quero desaprender. Quero erguer-me de forma humilde, ser quem sou e superar-me. 
As saudades já eram tantas que parecia que tinha esquecido as cores, e deixado de saber enumerar os dias.. Obrigado pelo momento de voltar. Pintar faz bem. Faz-me bem. É como se colorisse ou desse cor a uma outra vida. 

Deixa que o teu pincel acabe a colorir o desenho. Não deixes que outro o faça.
Mas quando o fizeres utiliza muitas cores, muitos tons, e outras variações.. 
Obriga o foco luminoso a mudar-se, e não mudes nunca de sítio. Que esse foco seja o primeiro  guia na tua descoberta: aprender

Aprende com uma criança pela sua pureza e com alguém mais velho a sua sabedoria, e mesmo que tenhas aprendido bastante, lembra-te, que não foi suficiente. Metade terás de descobrir pintando sozinho. E mesmo que olhes e contemples esse teu desenho, e aches que ele ficou terminado, enganas-te. Falta muitas vezes o contorno definido. 
Lembra-te de mudares de vez enquanto a água na qual passas o pincel, pois além de suja, misturar-te-á as cores com as quais não desejas colorir o teu desenho. 


Antes da obra terminar chama-me, ajudar-te-ei 
a contemplá-la.  (



esta semana vou comprar o pincel que me falta e vou pintar, boa? 

(a todos os bons velhos tempos* )

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Sentir o frio é bom, se o sentes é porquÊ estás vivo    :D



domingo, 24 de outubro de 2010



.."de Deus não se fala, sente-se.."
Acabou assim a conversa. 

Quando apenas falava com outro humano provado ser o único ser animal dotado de inteligência, racionalidade, ambição, audácia e coragem. Um ser humano que também ele, como todos, tem um órgão que muitos declaram apenas isso: mero órgão. Falo
do coração.
 

Para muitos os sentimentos não revelam qualquer relação com o coração, declaram com facilidade que apenas é um órgão com uma certa função especifica: física e que nada tem de emocional. Porém já Aristóteles admitiu
 "que o coração era fonte de sensações pois se, como acreditava, era fonte de calor, aí estaria também a origem das sensações (dor, prazer, desejo e outras reacções emocionais), daí a palpitação que aparece nas comoções"O mesmo atribuiu uma função designada nervosa.


Encara-se portanto que todas as emoções ligadas ao sentimento, aos sentimentos, à raiva de alguém, ao amor por alguém, ao carinho pelos filhos, à amizade com a melhor amiga reflectem-se no coração através do sistema nervoso. Há outros que admitem que o verdadeiro e primeiro órgão que recebe o sentimento é o cérebro, e tudo se passa como um envio de mensagens que o coração recebe e interpreta. Um pouco complexo? Considerando ainda que existem reacções e sentimentos ( que são diferentes_) pois se eu sentir frio, estou realmente a sentir, mas se eu sentir amizade, por outro lado estou também a sentir, mas sentir de uma outra forma. Então sentir é uma palavra muito abrangente.. Sentir (latim sentio, -ire, perceber pelos sentidos, perceber, pensar)

1. Perceber por um dos sentidos; ter como sensação.
2. Perceber o que se passa em si; ter como sentimento. = experimentar
3. Ser sensível a; ser impressionado por.
4. Estar convencido ou persuadido de. = achar, considerar, julgar, pensar
5. Ter determinada opinião ou maneira de pensar sobre (algo ou alguém). = achar, considerar, julgar, reputar
6. Conhecer, notar, reconhecer.
7. Supor com certos fundamentos. = conjecturar!, prever
8. Aperceber-se de, dar fé ou notícia de. = perceber
9. Ter a consciência de. = perceber
10. Compreender, certificar-se de.
11. Adivinhar, pressagiar, pressentir.
12. Conhecer por certos indícios. = pressentir
13. Ouvir indistintamente. = entreouvir
14. Experimentar mudança ou alteração física ou moral por causa de. = ressentir
15. Sofrer as consequências de.
16. Sentir tristeza ou constrangimento em relação a; afligir-se por. = lamentar
17. Ressentir-se, melindrar-se ou ofender-se com (algo).
18. Ter o sentimento estético.
19. Saber traduzir por meio da arte.
20. Ter a faculdade de sentir.
21. Ter sensibilidade; ter alma sensível.
22. Sofrer.
23. Experimentar um sentimento ou uma sensação.
24. Ter a consciência de algum fenómeno ou do que se passa no interior de si mesmo. =reconhecer-se
25. Apreciar o seu estado físico ou moral. = crer-se, imaginar-se, julgar-se, reputar-se
26. Tomar algo como ofensa. = melindrar-se, ofender-se, ressentir-se
27. Sentimento, sensibilidade.
28. Maneira de pensar ou de ver. = opinião, entender, parecer


Refiro ainda que sentir é mais do que falar, é um silêncio que teimamos em manter connosco, e camuflar diante dos outros. Sentir às vezes é fingir, é esconder, é raiva, é ódio. Sentir amizade, amor, carinho, saudades, são sentimentos aos quais não conseguimos através de um desenho ou imagem demonstrar com clareza. Sentir é algo mais do que muito bom, por vezes é algo complexo, racional, intenso.. 

Isto para chegar a um ponto. FÉ, DEUS...*


Tal como tinha começado "de Deus não se fala, sente-se.." foi assim que acabou uma mera conversa, tal como tantas outras que poderia ter tido, e falar de futebol. Apenas o acaso mencionou que seria de Deus, ou sobre Deus que se falou. Deus ou Fé?  
 
( tema controverso.. )

Afinal o que é isso?! Pensamos tantas vezes, questionamo-nos outras tantas e admitimos errar sobre isso. Deus ? Afinal acreditamos, pensamos ou julgamos apenas o que os outros referem? Lamentamos as injustiças, ambicionamos julgamentos feitos à mão ?  Talvez estejamos escassos de informação, tapados por meras crenças antigas, será? "Ontem" cada um deles disse: eu não acredito. E eu.? Eu estava a pensar que sim, ou que não? Ou a colocar somente de parte a primeira resposta, para não me sentir excluída por isso. O que é Deus? O que é Não se toca, mas toca-nos no coração. Quem não tem, não acredita, bem se pode esforçar por imaginar que não consegue. Mas será que existe algo ASSIM? Alguém superior a nós? Certamente que sim! Parece-me que uma pedra apesar da sua extensa e exagerada forma, ou até mesmo tamanho que possa ter, não será, ou não terá capacidade de ser superior, algo superior pressupõem-se um entidade talvez não definida por mim, mas certamente superior.

Afinal, cada um pensa em Deus, nem que seja para dizer que o odeia, para duvidar da sua existência, para honrar a sua história. Afinal no meio de tantas divagações, todos acabamos a pensar nele. Queremos ser tão radicais, pro- activos e extensamente modernos, que abdicamos de tudo o que acreditamos, ou que nos fizeram acreditar para tornar a seguir convicções de outros. É aí que a identidade pessoal se perde. É aí que cada qual se fecha e se dilui. Acreditar em Deus porque somos obrigados, não resulta. Falar Dele de forma positiva só porque estamos na presença de um padre, ou de alguém que pelas suas vivências, crenças acredita plenamente, não resulta. De todas as vezes, e de todas as formas , que formos infiéis para connosco, estamos a deixar de ser sinceros, e a perder. Estamos a tentar incutir em nós mesmos aquilo que não cremos, nem somos. Afinal Deus serve para atirarmos as culpas quando não estamos bem da vida? Ou para pedirmos que nos corra bem o percurso de vida? Ou que nos auxilie naquela jornada»? Afinal cremos em “alguém” para fazer aquilo que nos compete a nós. Há muita coisa que não parte de nós, que simplesmente não conseguimos, nem podemos controlar. A isso chama-se viver. Viver é como desenhar sem borracha. O erro acontece. Depois podemos riscar, desenhar por cima, ou apenas começar o desenho ao lado.
Talvez para alguns seja Fé a certa designação, pois Fé é a firme convicção de acreditar sem motivo, sem justificação. Fé é acreditar que algo é possível, não se pode é deixar de ligar essa palavra com Deus, é como se se falasse, num contexto de fidelidade para com Deus, é "o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se vêem" (Hebreus 11:1) 


Muitos são os que crescem no meio onde se frequenta a catequese durante anos a fio sem fim.. anos que eu lembro as crianças, talvez eu própria, pedir que acabasse, que aquela longa hora sucumbisse, como um doce na mão de uma criança. Apenas isso. Perguntamos sempre aos outros se acreditam em Deus, antes de sabermos se nós acreditamos Nele. Acreditamos Nele, ? Será? E sabemos o que refere a Bíblia? Que um Deus omnipresente , e ainda supostamente bom, pede a Abbrão que mostre a sua lealdade matando o próprio filho. Um Deus que “ofereceu”o seu próprio filho, em prol de toda a humanidade... que o sacrificou pelos pecados de todos. E referindo isso. Pecados? Parece-me que eles juntamente com os mandamentos de Deus, são palavras constituindo frases completamente óbvias. Matar, roubar, são coisas que pela lei natural de vida, sabemos ou devemos saber que nao devemos fazer/praticar. E Deus afinal ? Acredita-se, não se acredita? Questiona-se? Pois bem, uma vez alguém me disse “sobre Deus não se fala, sente-se..” e aí, eu calei-me , pensei, e não articulei nada melhor para dizer.  



talvez hoje respondesse, como Voltaire: 

O mundo intriga-me, e não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro


 

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos  ´ (:


(CCB, aquela exposição nas férias* )

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tantas vezes deixamos que tudo ultrapasse. Talvez acabamos por perder, ou tenhamos já perdido tudo, ou quase tudo, por um tudo que colocámos à frente. Encara-se muita coisa como "um jogo iniciado" ao qual o start parou, antes mesmo de ser activo. Queremos viver. Queremos até saber. E também conhecer. Queremos e não deixamos. Não deixamos que com o tempo novas, pessoas se intrometam nas nossas vidas. Fechamo-nos num determinado compacto e efusivo grupo de indivíduos. Indivíduos que pelo menos aparentam isso: pessoas de carácter, cheias de amor, de aventura, de tudo. Tudo o que possa romper na vida.
Sentimos, cheiramos medo, enunciamos amanhã, e quem perde é o outro.

sábado, 16 de outubro de 2010

 
( trabalho de fotografia*)

Continua insistentemente à volta sem retorno, sem parar, sem medida.
Sente-se o ar frio, um sol enfraquecido e o perfume. Suave, leve, quente, intenso. 
Continua algum calor às vezes. Continua a estar frio à mesma.
Continua.
Continuo a pensar. 
Eu quero ? Que quero ? Eu sou ? Eu vou ? Para onde afinal ?

Continua. 
Continua o barulho. Continua o tempo a passar.
Continua o retorno.
Continua o estagnar no tempo.
Continuam as incertezas, as certezas..

Continua apenas *

domingo, 10 de outubro de 2010

(Joana Pedrosa, Rover 2010´)


Vou ficar aqui simplesmente. Vou ficar a olhar o céu azul, o intenso mar, e a escutar a solidão. Vou ficar apenas imóvel mais uns instantes, permanecer como todos querem: "sossegada". Vou ficar amuada talvez, sem nada que fazer, e depois vai dar-me o sono. Eu sei que sim. Vou ficar apenas assim, há espera que o telefone toque, que a porta bata e que eu perca o sono. Vou ficar apenas à espera. Vou ficar à espera, e nada vai acontecer. Vou ficar à espera daquele telefonema, e ele não vai chegar. Vou ficar aqui à espera. 

Se o telefone não tocar, fico apenas a observar.. 

sábado, 9 de outubro de 2010

*A minha próxima vida*


Na minha próxima vida, quero viver de trás pra frente. Começar morto, para despachar logo o assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar  40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto a disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voila!" - desapareço num orgasmo.

(Woody Allen)



esta coisinha foi enviada por e-mail, e simplesmente achei fantástica =)  da próxima vou começar de traz para a frente  (:



quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Em   2 segundos podes contornar, podes fazer, podes simplesmente. Podes até odiar! Podes gostar. Podes apenas... Em 4 segundos muito mais acontece. E  numa vida cheia de segundos tudo sucede. Querer. Estar. Sentir. Fugir. Perder. 
Às vezes olhar apenas. Soletrar. Confundir. Querer. E por vezes queremos mal. E.. depois? Depois escurece, outras vezes faz solE um sol lindo. Às vezes os segundos acabam, outras começam.. 
A vida é isso, constrói-se assim.. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010



Filipa Lázaro diz: 

parece que nada te consome de tristeza  (: 
Sabes o que é o pior da vida?!
(desenho a caneta de ponta preta Joana Gonçalves)

é ser desclassificado. 

O dicionário diz: "desclassificado": é um adjectivo. Desclassificado é aquele que não teve qualificação/classificação; desacreditado_; substantivo masculino: individuo que pelo seu procedimento é indigno de consideração. 
Agora transpondo tudo isto para a vida real, todos estes significados, apercebemo-nos facilmente que ser desclassificado  é péssimo, talvez das piores coisas que possam acontecer-nos.
Quando jogamos um jogo, quando praticamos alguma actividade, e especialmente por ganância, por determinação, ou apenas obsessão, fazemos "batota", transgredimos regras, desrespeitamos. Talvez estivéssemos a meros instantes de uma possível vitória, mas a nossa falta de valores fez com que fossêmos desclassificados, e perdemos qualquer hipótese de tentar sequer. 
Podemos ser desclassificados no trabalho, pela esposa, pelos filhos, pelos amigos, pelos.. 

A própria vida pode desclassificar-nos. 

Mas será que o somos sem método, sem razão sem nada? Seremos meras vítimas, ou ou maiores culpados? Talvez sejamos os tais indivíduos "indignos de considerar", talvez pelo que fazemos, ou proporcionamos. Talvez estejamos errados, e  talvez seja a única e pura forma de aprender.. ser desclassificados. 
"Sê a mudança que queres ver no Mundo", (Mahatma Gandhi), e não será esta a mais simples e completa resposta? Quem se pode mudar a si mesmo? Cada um, e cada uma, ou seja todos. Só cada um, pode ponderar, investigar, surpreendentemente avançar, decidir...* 

Cada um tem de querer, ou será e terá sempre a opção de ser desclassificado.