Soprando rajadas fortes e intensas de pensamento, ofuscando o olhar com belezas imensas, pré-concebidas,um tanto excêntricas, incapacitando a audição com demasiados ruídos ensurdecedores,
parei no tempo.
Incapacitei-me à vida, sem viver.
Reescrevi uma história, sem saber escrever,
enumerei os dias longos, as manhãs mais compridas e todas as tardes de pôr-do-sol, sem saber contar.
Dialoguei com estranhos, sem vez alguma ter conhecido a linguagem deles.
E como se no vazio eu estivesse estado, simplesmente adormecida, um sopro de pensamento mudou de novo o meu rumo, o rumo da minha mente.
Se no tempo tinha estado parada, com o tempo tinha de novo possibilidade de vida. Mesmo vivendo, sem saber viver, esse era o meu mais profundo desejo: continuar a viver.
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caneta ponta fina, sobre papel , Joana Gonçalves |