quinta-feira, 19 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Emily Dickinson declara a frase que eu mais aprecio:
 "O que torna a vida tão doce é saber que nunca mais voltará".

É tão intensa, tão pura e tão cheia de sentido que quase mais palavras do que as que a frase tem, não conseguem transmitir mais do que isso. Será por isso que teimamos em viver audazmente, desesperadamente, queremos fazer tudo, viver tudo tão depressa e no mesmo instante? Ou que nos damos ao minucioso trabalho de achar que o amanhã chegará sempre para completar aquele momento, para dizermos aquela frase, para sermos quem queríamos ser?  
Ousamos pensar sempre que a vida é uma  corda sem ponta, ou uma estrada sem fim, e no entanto viramos a esquina e o pedacinho de vida encontra-se lá. Perdemo-nos em discussões que nos magoam, em diálogos sem objectivo, em momentos não vividos, E eu pergunto: valerá a pena?

Corremos a cada momento em cima de uma corda bamba tão frágil, que nem nos damos conta. Fugímos de responsabilidades, contornamos conversas sérias, e por vezes camuflamo-nos. Soletramos palavras que não sabemos o que significam, caímos no silêncio interior, angustiamo-nos com pedacinhos de céu. Vivemos momentaneamente. As coisas fascinam-nos, baralham-nos, ou acabam por resultar em outras coisas..! No intervalo de acontecerem coisas as pessoas riem-se, sorriem, amam-se, beijam-se, desejam-se, abraçam-se, magoam-se. As pessoas estão lá, intrometem-se, ajudam-nos, acariciam-nos, falam-nos, querem-nos. As pessoas são pessoas porque um dia lhes demos esse intenso e audaz valor, se tal não acontecesse elas não seriam, nem estabaleceriam esse valor na nossa vida. As pessoas são o mais pequeno intenso sabor a doce que uma dia saboreámos. As pessoas, aquelas que colocámos na nossa vida, ou no nosso coração, são mais que amigos, são mais que namorado, são mais que família, são as pessoas da nossa vida.

Se soubessemos inalteradamente certas coisas, talvez mudássemos atitudes, talvez desconstruíssemos metade das azelhices, ou das coisas menos boas que um dia cometemos. Se soubessemos desde sempre esse sabor intenso que é viver, tanta coisa mudava, tanta coisa sorria, se aprendia, se abraçava.. Tanta coisa significava outra coisa, e cada coisa significava-se a si mesma.  

Se um olhar te prende, o que te faz a prisão?
Se um beijo te dá nervosismo, o que te faz o salto de uma ponte?
Se uma carícia te arrepia, o que te faz a solidão numa floresta?
Se um abraço te faz uma promessa para a vida, o que te faz uma aliança?
Se um sorriso te reconforta, o que te faz um cobertor no inverno?
Se um toque de mãos te aquece o corpo, que te faz o lume quando faz frio?
Se um amor te parte o coração, que te faz a "porrada"?

Se um dia fosses e não voltasses?
Se sorrisses e não chorasses?
Se abraçasses e não quisesses?
Se amasses e não pudesses_?
Se um dia eu partisse e nunca mais voltasse?

O passado e o presente, deviam-nos ajudar a construir o futuro, e não ser meros condicionantes, ou espaços vazios que ao chegarem perto de nós resolvemos apenas vivê-los.



(pastel de óleo e diversos materiais sobre cartão de combate de Joana Gonçalves)

E por isso eu acho que devemos agarrar a vida com todos os dedinhos, com toda a força, e com a vontade de espalhar cor em todo o lado. A vida sem cor não seria a mesma, sem o sol e a luz, sem a noite e a escuridão, sem qualquer tipo de cor. Devemos espalhar intensidades, mostrar certezas, e agir sem medo.

Devemos ser acima de tudo..!*

sábado, 7 de agosto de 2010

conta-ME

Se decidisses acordar todos os dias e não apenas abrir os olhos?!


SaBES o que aconteceria?!
À tua volta estarias repleto de coisas que nunca soubeste o que são. Se quisessES serias o dono de ti mesmo, darias pela falta de tudo o que consegues dizer que é teu, mas Será que tens realmente algo que é teu?! És dono de ti ?!

Parece me que não.
Destruirias as barreiras só para dizer quem és?!
Conseguirias definir-te?!


Sobe ao mais alto céu, encanta as nuvens, conta me quem és... conta-me simplesmente...*


(foto de Carolina Santos)

De cada vez que penso em tempo, em minutos em segundos, ou até em milésimos de segundos, eu lembro me da forma inoportuna, inacabada, irresponsável, e pouco intensa de como gastamos o nosso tempo. Vivemos muitas vezes agarrados ao passado e recordações que muitas vezes não são mais do que isso, meras recordações. Fotografias guardadas em albúns suportados por um agrafo, ou cartas rasgadas, queimadas do sol de tanto ler, ou ainda pequenos acessórios, roupa ou jóias que cuidadosamente guardamos de forma carinhosa para nos lembrarmos.

E eu pergunto, e lembrarmo-nos do quê?! Do que vivemos, ou do que já não vamos viver?!

Preocupamo-nos em fotografar todos os momentos importantes da família, todos os passos do bébe, todas as notas do adolescente, os carros do irmão, os triunfos do pai, as conquistas da mãe. E muitas vezes olhamos, e não temos recordações dos amigos. Temos meras imagens soltas na mente, perdidas em divagações, discussões, ou meias palavras por dizer.. mas ainda assim teimamos em ser meros humanos esquecidos e mutilados pelo passado. Mas esquecemo-nos tanto que o que vivemos é o agora, é o hoje, é o dia. E deve ser um após um.. trabalhamos para ganhar dinheiro, muito dinheiro. E muitas das vezes damos por nós com esse exagero monetário e sem uma história maravilhosa para dar anos nossos filhos um dia. Esse gasto de tempo é necessário, claro que sim. Apenas entendo que existe um meio termo, que devemos gastar bem este nosso pequeno “tempinho”. Olhamos para traz e passarm vinte, trinta, ou quarenta anos... olhamos e não vemos nada, vemos apenas um vazio, um gasto e perda de tempo. Não nos aventurámos, não fomos sair, não fomos andar a pé, não pintámos um quadro, não escrevemos um livro, não rimos intensamente, não sorrimos de nós próprios, não sentimos o vento na cara, não comemos gelado, não andámos de avião, não partimos sem saber se voltávamos, não fizemos simplesmente aquilo que poderíamos ter feito.  Simplesmente não aproveitámos* 

Devemos ir descobrindo quem somos, intensamente, cuidadosamente, fogazmente. Devemos. Devemos saber dizer espera, tem calma, tu és importante, tu és especial, tu fazes parte da minha vida. Devemos simplemente tentar não nos perder em meros esboços da vida, mas delinear bem o contorno do desenho, e a intensidade de cor que ele terá. Devemos ser ambiciosos, audazes, persistentes, capazes. Devemos saber reconhecer. Devemos apenas... devemos como nós fizemos: 


 (foto de Cláudia Conceição)


Atenciosamente podia referir que as coisas começam quando outras coisas se disperçam, se perdem, se desvaneiam, mas não é, nem foi muito o caso. Apenas começou quando quisemos que começasse. Começou em saídas, avançou para aventuras, e inexplicavelmente acabou em felicidade.

É aquilo que senti, que vivi, que reflecti e que meramente consigo definir. Foram dias e dias intensos, perdidos em minutos não contáveis, em horas exageradas, em diálogos sem nexo. Foram dias que começavam com o intenso sol, e acabavam na cerrada noite de verão. Era o sol de Lisboa, o quente verão, e os sorrisos de Leiria. Trazíamos uma mala cheia de vontade, cheia de sorrisos, cheia de tudo, sem trazer quase nada...

As tonteiras, os disparates, as azelhices.. parece que ali se juntaram imensos ditongos, sílabas inalteradas, tudo intenso e estranho sem se conseguir espairecer. Onde se perdiam os pensamentos? Onde via o sol? Ou apenas onde alcançávamos o tempo? Quase tudo se viveu ali. 
No fracasso de querer tanto, vivemos, saímos, fugimos, sorrimos, caímos, saltámos, corremos... aproveitámos!*  (:

Os pensamentos ficaram acorrentados, junto com as preocupações em Leiria, e aventura aconteceu. Mais, menos. Maior, menor... Tudo/nada. Estes eram pequenos grande oposto que a cidade tem, que a cidade traz, que Lisboa tem. Partimos com a pequena definição de viver, de aproveitar, de gastar de queimar o nosso tempo, os nossos minutos em tudo. Em amizade, em carinho, em proporção* Acabámos a trazer as recordações das quais não nos conseguimos largar. Trouxemos fotos, sorrisos, papéis, lembranças, e a mala parecia mais cheia que nunca. Parecia que o que aconteceu não cabia nem foi condensado naqueles pequenos e fechados compartimentos.

Lembro-me quando começou. Uma de nós chorava... *
E agora parece que não conseguimos parar de rir. Parar de estar juntas, parar simplesmente. Parece que um bichinho nos mordeu, como se de uma paixão de tratasse, como de se uma só vez conseguissemos ter as sete cores do arco-irís no corpo, como se.. Como se um par de botas nos unisse!*

E agora só paramos quando não pudermos mais. Só acabamos quando o dia chegar. Quando a responsabilidade nos doer as costas mais do que a nossa mala pesada. E agora quero muito. Quero tanto. Quero simplemente puder ter-vos desse meu lado, ter-vos pertinho de mim. Ter-vos na amizade*
Sei que hoje sou mais feliz por um dia vos ter conhecido, e se as coisas acontecem simplemente, não aceito. Acontecem porque devem acontecer. Fazem-nos sempre aprender algo. Obrigado pelo algo que me deram, que me dão e que espero me continuem a dar.
Mais palavras para quÈ? Vamos esperar mais um bocado... sentadas, boa? Vamos esperar pelo que vem aí...* (:




Se me questionassem se o Mundo faz as pessoas,


ou se


as pessoas fazem o Mundo..
sem dúvida a segunda!