saudades

(…)

Tenho saudades tuas.

As saudades também moram quando estás perto.

Tenho saudades tuas, até quando estás comigo.

Queria! E quero... Queria como se quer.

Queria-te. Só isso.

(…)

do livro 

O teu rabo_

O ser que é humano vai ficar de cu quadrado, de tanto tempo sentado.

Dialéctica

Os agricultores de uma fazenda colectiva de um país socialista foram até o Prefeito, e perguntaram-lhe:

- Companheiro Prefeito, diga-nos o que é dialéctica?

- Prezados companheiros, não é fácil explicar isso. Mas vou contar-vos um exemplo:

(...)

 Imaginem que dois companheiros vinham falar comigo. Um deles está limpo, o outro está sujo. Eu ofereço um banho aos dois. Qual dos dois aceitará a oferta?

- "O sujo"-  responderam os agricultores.

- Não, "o limpo"-  respondeu o Prefeito, - Pois "o limpo" está acostumado a tomar banho; o sujo não valoriza a higiene. Quem, portanto, aceitará o banho?" 

- "O limpo"- responderam os agricultores. 

- Não, "o sujo", pois ele precisa de um banho- disse o Prefeito. Portanto, qual dos dois aceitará a oferta de tomar banho?"

- "O sujo"-  gritaram os agricultores.

- Não, os dois-  proclamou. Pois "o limpo" está acostumado a banhar-se, e "o sujo" está a precisar  de um banho. Portanto, quem vai tomar banho?

- Ambos-  responderam os agricultores, desconcertados. 

- Não, nenhum dos dois- disse o Prefeito- pois "o sujo" não está acostumado a tomar banho e "o limpo" não precisa de banho.

- Mas, companheiro Prefeito- reclamaram os agricultores- como podemos entender isso? Cada vez você responde aquilo que combina com o que você quer ouvir de nós. 

-Vocês estão vendo? Isso é dialéctica, respondeu o Prefeito, sorrindo.

Trabalho

Encheu-me o olhar aquele mar, prendeu-me a atenção aquela sensação. Fugi de pensamentos maus, e apreciei, momentâneos momentos.. demorados instantes que eu apenas quis de cada vez. Senti que aquele espaço era um cantinho do mUndo, do meu mundo. E apreciei. Será possível que uma paisagem nos apaixone? Que uma cor nos faça pensar e mudar? Será possível que um cheiro intenso, mais do que recordar, nos aconchegue? Se os melhores sítios do mUndo estão no coração, onde ficam as paisagens que nos marcam? Essas paisagens que são tão reais como a guerra em certos países, essas paisagens que são tão intensas como cada dia de trabalho intenso... lembro-me sempre do trabalho. Sou capaz de me lembrar das primeiras esporádicas vezes que trabalhei. Eram meras ninharias que nos pagavam, pequenos tostões contados milimetricamente. E cada um de nós sorria. Sorria porque era um esforço. Hoje, e agora, muitas, ou todas as vezes isso não acontece. As pessoas trabalham “quase por obrigação”, a maioria nem sequer gosta do que faz, ou exerce. E eu questiono:  teriam estudado mais? Terião mudado alguma coisa que agora não possam mudar?! Teriam vivido de uma outra forma?

Contornam-se de todas as formas para faltar, arranjam justificações para ir passear. e eu vou ser assim?!

Vou subir dois degraus , e justificar ao mundo que andei a crescer, para ser uma mera humana revoltada com o Estado, presa em casa dos pais e sem objectivos!? Vou subir dois degraus para ter de descer cinco?! Vou acordar todos os dias chatiada com as injustiças do mundo, saltar o pequeno-almoço e conduzir para o trabalho de forma agressiva?! Vou dizer palavrões a cada esquina, por cada minimo obstaculo, e discutir com o marido e filhos!? Vou subir dois degraus para isto?? Vou ter o meu portátil ligado todo o dia, fingir que trabalho e “namorar online” com alguem ?! vou deixar aos poucos e poucos de dar atençao aos meus filhos, amigos, e familia?! E afinal, vou viver como?! Vou querer isto? Não!

Assim que subir estes dosi degraus vou encontrar o resto das escadas partidas, mais difíceis de subir, e vou ter de arranjar ferramentas para arranjar a escada, ou para a subir. Vou andar de saltos altos, e quem sabe maquilhar-me todos os dias. Vou ter mais cuidado com a alimentaçao, beber muita àgua, e às vezes fingir que percebi as piadas. Vou ficar acordada ate tarde a trabalhar, mas vou de novo acordar de sorriso, e chegar ao trabalho a horas. E por muito que o patrao nao tenha razao e me apeteça partir aquilo tudo, eu vou engolir muitos sapos, e vou desligar-me, vou ouvi-lo de novo. Vou comprar um carro, e gastar rios de dinheiro em gasolina. Vou stressar quando tiver um furo num pneu, e rir de mim, quando vestir o colete. Vou chegar cansada à noite ao trabalho, desejar que o fim de semana chegue, e depois não vou descansar nada, vou sair e aproveitar esses dois dias mágicos... mas vai haver vezes que antes de me deitar vou pensar “obrigada por lutar tanto!” e por ter crescido. Vou ficar de ressaca porque nao vou beber muitas vezes, e vou lembrar-me dos tempos da faculdade. Vou jantar no dia das mulheres e rir-me dos homens. Vou-me apaixonar e parecer uma adolescente desenvergonhada. Vou dizer a alguem “ não consigo viver sem ti^!” .. vou subir na carreira, estudar mais qualificar-me. Vou ficar chata. Vou ser mais adulta, mais responsavel. Vou ser...!* 

Ou já estou a começar a ser?  (:   

Dossiers

Empacoto cada coisa no seu respectivo sítio, desígnio. 
Talvez não empacote, mas arquivo. 
Parece que sou demasiado viciada em dossiers. 
(talvez seja um defeito ! )
Gosto de organização, e também da falta dela. 
Gosto como se gosta, mas amo outras coisas. 
Dos dossiers gosto apenas. Um apenas já, relevante.  

jOana*